Me eduquem, por favor!

Me eduquem, por favor

Há um grito-lamento, mudo, no espanto das faces desprotegidas de crianças, adolescentes e jovens neste início de século. Roça os ouvidos aflitos, surdos, de pais e educadores perplexos: “Me eduquem, por favor!” Mas quem educará essa geração carente de limites — justos — e a fará sentir-se protegida e apoiada para viver e crescer?

A escola particular, capitalista, precisa do aluno e o adula, mas não o engana: a máquina registradora atira para todos os lados, atingindo discentes e docentes. A escola pública, desprezada, não precisa do aluno, a não ser para transformá-lo em dado estatístico, de que governantes ávidos necessitam. Enfeitiçadora sob a luz dos holofotes midiáticos, a estatística ganha votos, retroalimentando a ignorância. Novamente, alunos e professores sofrem golpe fatal.

O grito-lamento persegue pai e mãe sem tempo para ouvir, perdidos que estão em empregos-cárceres. Perdidos que estão em se dividirem entre ex-famílias e ex-filhos. E — mais drástico — há outros perdidos, de si mesmos e dos filhos, porque a sociedade simplesmente não os considera. Arrastam a miséria pelas cidades-madrastas e mergulham na marginalidade decretada. Vem a constatação: ou a casa está vazia ou sequer existe.

“Me eduquem, por favor!” — esse clamor varre corredores escolares, casas vazias, ruas perigosas e continua ecoando pelos abismos que a hipocrisia social finge não existirem.

Quando ressurgirão os ouvidos de ouvir e os olhos de ver?


Márcia Carrano

 

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